quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Pequeno resumo de minha grande vida

Oi, meu nome é Bruno. Peralta por parte de mãe e Cisco por parte de pai. Como minha ex-professora de literatura ensinou em um quente dia de recuperação: apenas usamos o primeiro e último nome. Logo, Bruno Cisco. Ou apenas Bruno, ou apenas Cisco.

Talvez você não saiba, mas eu nasci em 1990 e sim, a minha idade no orkut é verídica.

 

Nasci em um hospital fim-de-mundo aqui em Porto Alegre, o que me faz realmente pensar como que eu não nasci em um banco de trás de algum carro que meus pais tinham, na época.

Tive uma infância bem tranquila. Exceto na parte em que já nos 5 anos, eu sabia ler e escrever.

Tenho guardado na memória coisas que ninguém se lembra.

Sou muito detalhista. Lembro de quase todas as vezes em que a Lua cheia fazia com que eu enxergasse a 5 palmos a minha frente.

 

Quando entrei no colégio, fizeram um exame meio psico-técnico, do tipo aquelas de tantas ilhas, com tantas palmeiras e tantos cocos. Claro que qualquer idiota sabe a resposta disso. Sempre senti facilidade em coisas racionais. Por isso, queriam-me por na 1ª série, no início dos meus 5 anos de idade.

Claro que eu fiz um escândalo juvenil, e me deixaram no Jardim B mesmo.

Ao longo dos anos, peguei gosto por jogar futebol. Cheguei, inclusive, a fazer escolinha, nos meus 7 anos de idade. Nunca acreditaria que eu tivesse a capacidade de encostar os meus dedos da mão, nos pés. Sem flexionar os joelhos.  Talvez atualmente eu duvide mais disso. Ah, também ficava brabo quando não me deixavam ser o Christian nas peladas. Pô, ídolo supremo do time do Inter naquela época. Pior de tudo isso era quando diziam que eu poderia ser do Inter. De Milão. Aff...

 

Lá pelos 8, eu voltei meu gosto pra música. Gosto esse que tinha se extinguido desde aquele acidente lá na Serra da Cantareira, saca?

Me divertia mais botando som nas festinhas e reuniões dançantes. Isso assinou meu atestado geek, anos mais tarde.

Tinha alucinações por isso, botava som pra mim mesmo, em casa. Levava meu 266 para a casa dos amigos, com algum software chinelo de DJ, tocando alguma coisa que bombasse na rádio.

Sempre me diziam que eu era ainda muito criança pra isso. Dizer que eu sou muito novo pra algo era como dizer pra um muçulmano que beijar o chão é anti-higiênico. Ou para um pedreiro que o ovo na marmita pode fazer mal.

 

Aos 10, comecei a ouvir música decente.

Ok, acho que é egocêntrico dizer que você ouve música boa, e eu realmente acho que o que eu comecei ouvindo é um lixo, nos parâmetros atuais.

Nos meus 12 anos, baixei um software que era revolucionário: Napster.

Acredito que desde que inventaram esse tal P2P, minha vida nunca mais foi a mesma. Ah, não foi mesmo.

Em 2002 mesmo, baixei uma versão ao vivo de Polly, do Nirvana. Pensei: pronto, fodeu.

Isso me fez ser mais rebelde. Afinal, quem não era, ouvindo Nirvana? Desenhava símbolos da anarquia, mesmo sem saber o que era.

Ah, esqueci que antes dessa revolta, eu era do reggae. Gostava mesmo, voltei a gostar faz um tempo. Acho lindo os timbres de baixo do reggae. Deixei de ser reggaeiro naquela época por causa de um maldito teste de revista. Que simplesmente me jogou na cara que eu não era um reggaeiro por não dançar reggae, enrolado na bandeira da Jamaica, pelado. Grr.

 

Aos 13, mudei de colégio. Deixei o cabelo crescer. Comprei calças jeans, e comecei a sair pra rua de noite. Comecei a tocar violão, ou um projeto dele. Emagreci.

Conheci algumas pessoas nas quais eu sinto muita falta do convívio mútuo, atualmente. Usei até não poder mais o mIRC. Conheci mais pessoas, nele.

Passava tardes do fim de semana teclando com pessoas que não podia ver. Escutei demais Even Flow do Pearl Jam e Black Hole Sun do Soundgarden, alternadamente.

Nesse mesmo ano, foi minha despedida de colégios particulares.

 

Nos 14, fui contra minha vontade para um colégio público. Convivi com cheiradores, maconheiros, furtadores, professores de sindicato, professoras de inglês que faziam meu ouvido sangrar. Também com, lógico, falta de estudos.

Fui colega de pessoas que, de maioria, já estavam naquele presídio faz algum tempo. Também tinham pais de família, qual colégio público não tem?

Tratei um jeito de sair dali rapidinho, então me formei no Ensino Fundamental. Na minha formatura, a mesma professora sindicalista, que era “contra o sistema”, foi a única a registrar a cerimônia. Digitalmente.

Definitivamente, soube que nunca seria de esquerda.

 

Aos 15, entrei no Ensino Médio. Daí desandou.

Conheci pessoas novas, mentes diferentes. Aprendi a adrenalina, ao matar aula pra tomar refri. A perseverança, ao conseguir entregar trabalhos 7 dias depois do previsto.

Ao partilhamento, do lanche dos outros comigo.

Ganhei uma banda larga de aniversário. E novos amigos virtuais.

Aos 16, passei pra parte da manhã. Me dediquei mais em tirar fotos e escrever textos. Conheci boa parte dos amigos virtuais, pessoalmente.

Ganhei e perdi amizades. Fiz muita merda. Dei valor a pessoas que não mereciam.

 

17 anos e eu já não estava muito diferente. Dei créditos a um amor que era meio que platônico. Terminou. Nos conhecíamos demais.

Tive o maior porre de cerveja (mórbido lembrar de porres, né não?) da minha vida, até hoje. Aliás, tive dois.

Em um, perdi uma calça pro asfalto e acordei com o rosto colado no travesseiro no dia seguinte. Foi a primeira vez que eu vi uma pessoa que ia mudar completamente minha vida. E uma das últimas que vi uma pessoa que eu não desejo nunca mais ver.

Me formei no Ensino Médio, em uma festa na qual mal aproveitei.

 

Fiz 18 anos, ano passado. Ano em que eu vivi e respirei uma pessoa, o ano inteiro. Que eu aprendi a dar valor a quem faz o mesmo. Que eu me arrependi de não ter bebido tanto naquela noite, para poder prestar atenção em todos aqueles traços faciais que iriam ser muito familiares depois.

Namorei, namorei demais. Me sentia bem. Mutualidade entre pessoas é algo no qual todo mundo sabe que existe, mas poucos sabem o valor.

Saí de uma banda, entrei em outra. Aprendi a falar e ficar quieto quando devo.

Aprendi a sonhar.

 

No início desse ano, passei num ócio em casa. Vendo séries nerds. Ou namorando.

Semana passada, senti meu namoro estremecer.

Ontem, me senti largado.

Hoje, acordei tonto e preocupado com meu futuro.

 

E amanhã?

Aguardo, com o ponteiro que pisca ansiosamente.

5 comentários:

Káh disse...

Arrepiei lendo o texto :x
Andava com saudade da combinação tão perfeita que tu sabe fazer das palavras com teus pensamentos.

bjooo ô vizinho literato! :P

Ananda Bering. disse...

que meigo.

Anônimo disse...

Oi Bruno, sou muito amiga do teu primo o Vinícius Cisco :) e olhando o profile das pessoas achei o teu e acabei parando aqui no blog que sinceramente é MUITO bom, li todos os posts e to comentando pra atender o teu pedido de pelo amordedeus comentem hehehe e também pra te dar os parabéns por escrever tão bem. beijo, tchau.

Rikardo disse...

Me identifiquei com muitos trechos alí meu.
mIRC,barbaridade!

Sucesso ai,feito!

Unknown disse...

que lixo.
tenho dito.

mentira!

bem legal o texto, pena que tu não citou meu nome :/